#Quid ~ Minha Religião é RELACIONAMENTO

Há algumas semanas atrás, minha casa foi roubada.  Eu e minha mãe estávamos dormindo, eu na sala, pois fiquei vendo filmes até tarde. Minha mãe acorda e vê um homem na sala, começa a gritar e não me ouve responder, o homem, larga minha bolsa no chão, e corre para a única janela aberta da casa, por onde possivelmente ele deve ter entrado. A janela que dá apenas para uma laje abandonada cheia de muros em volta. Acordo pensando que minha mãe está tendo pesadelos, e ainda sonolenta a ouço gritando: “ENTROU UM HOMEM AQUI! TINHA UM HOMEM AQUI DENTRO!”. Meio atordoada
sentei no sofá, esfreguei as mãos no rosto fui até a janela, não vi nada, voltei para o sofá, sem acreditar muito. Mas minha bolsa estava no chão, com minha carteira aberta e o DVD velho e suas caixinhas de som mexidas. Aquele homem, sorrateiramente, levou todo o dinheiro que eu havia sacado no dia anterior para minha mãe viajar para casa da minha avó levando ajuda financeira. Além do dinheiro da minha carteira. Minha mãe quando se deu conta disso, começou a chorar compulsivamente pensando na minha avó. Eu só olhava pro teto. Ela narrou o que sentiu quando viu aquele homem grande ali e quando eu não respondi, ela pensou  que eu já estava morta. Mas graças a Deus, deveria ser só um viciado querendo dinheiro pra droga, pois é bem provável que Enem armado ele estivesse, e como não fez nada com a gente, tentei concentrar minha mãe nisso.

Senti raiva, por ter sido roubada desta maneira, por ter trabalhado e perdido mais ou menos a metade do meu salário naquela manhã. Depois senti medo, de tudo aquilo que poderia ter acontecido por causa de uma janela da qual não esperávamos nada. Enfim, senti uma profunda tristeza, pois minha avó ficaria sozinha quando mais precisava da ajuda da minha mãe e quando precisava de apoio financeiro.

Antes de a minha mãe sair para fazer a ocorrência e ir trabalhar, eu levantei do sofá, me virei para ela, já na porta e disse: “Mãe, você vai ter o dinheiro pra levar para a vovó e talvez ainda mais!”. Ela me respondeu apenas que eu tinha muita fé e que eu era filha de Deus e ela só criatura, por causa da minha fé. Eu respondi: “Mãe, não é só fé. Minha religião é relacionamento. E eu sei que alguém vai me ajudar.”

Mandei exatamente quatro sms. Um para minha melhor amiga, a Regi, um para o Peterson, um para o Pedro Léo, um grande amigo e outro para o Gerson, meu mestre e amigo. Tive apoio de todos. Mas o Gerson contatou alguns de meus professores/pastores e a coordenadora do seminário, contando do que houve. Menos de 30 minutos depois da mensagem que eu havia enviado, ele me diz que eles já haviam somado quase o valor total do roubo e iriam me entregar no mesmo dia. UAU!! Como eu chorei! Tive que me apoiar na parede. No dia seguinte, um amigo que já concluiu o seminário, ao qual eu nem havia comentado nada, disse que ele e mais outro professor/pastor, queriam me dar uma oferta. Mesmo eu dizendo que não precisa de muito, pois já tinha quase todo o necessário, ele me deu. Minha mãe viajou com quase o dobro do que foi roubado. Minha avó pôde ter mais do que teria antes do roubo.

Isso é igreja. Eu não precisei pedir ajuda. Só contar como me sentia. E a graça de Deus se manifestou através das pessoas que mesmo sem me ver há meses, se importavam comigo a ponto de abrir mão de dinheiro do orçamento deles, para ajudar uma família que precisou. Nunca tomei ceia com a maioria deles, nunca fui a igreja de alguns, nunca convivi além da sala de aula de outros. Mas o reino de Deus nos une. E pelo reino de Deus que é comum a todos os que creem.

Minha religião não prega regras, ou acúmulo de dinheiro, ou rotinas semanais, minha religião se baseia no relacionamento. Esta é a religião de Jesus, esta é a minha religião.