sexta-feira, 13 de julho de 2012

Temos sido como Cristo?



Andar com velhas sandálias compradas com o pouco salário que tem, ir onde sentir que há a necessidade de qualquer, com gente rejeitada, odiada e mal vista, almoçar com pecadores, repreender falsos religiosos, abraças os doentes, alimentar os famintos, salvar vidas e não apenas almas. Porque almas ele salvou em sua morte e vidas foram transformadas com sua vida.

Andar como ele andou é isso. O que mais me irrita é a pregação de uma santidade superficial, onde é ser santo é simplesmente não fazer coisas erradas ou não se misturar com más companhias ou não ir a determinados lugares, quando santidade é ser separado não no sentido de isolamento, mas no sentido de algo separado para fazer uma tarefa específica: como se você estivesse cozinhando e separasse uma parte das cebolas cortadas para o feijão e outra para a carne. 
Ser Santo como Deus... Isso significa ser como Deus é: Deus se esvaziou de si mesmo para que pudesse ser um ser humano, não foi contaminado pelo pecado mas deixou-se contaminar por cada sentimento humano. Pq isso é tão difícil para a igreja? E isso, me perdoe o ceticismo, não é o que é pregados nas nossas igrejas hoje.
O que é pregado hoje tem a ver com as necessidades imediatas da igreja, não com as necessidades do mundo em que fomos postos. Nós não fomos separados por Deus para ficarmos enclausurados, isolados do mundo, criando um gueto com linguagem própria e ininteligível para outros que não façam parte do grupo. Nos preocupamos com o ar condicionado, com o Cantor famoso para o evento, enquanto famílias ao redor do prédio que nos reunimos semanalmente clamam por comida, roupa e oportunidade. 
É isso que Jesus faria se fosse nosso contemporâneo? Chamaria entregar folhetos e convidar para cultos de 'evangelizar'? Viveria em prol de uma instituição ao invés de ser um peregrino caminhando e indo aonde era necessário? Rejeitaria pessoas ao invés de rejeitar pecados? Jesus dualizaria a vida tornando coisas sacras e outras profanas, faria da sua vida dividida em domingo e em resto de semana?
Jesus ensinou o evangelho vivendo e chamando pessoas para conviver com ele diariamente.  Ele caminhou e parou poucas vezes no Templo, as poucas que parou ou saiu apedrejado ou literalmente quebrou tudo que não deveria estar lá. Jesus derrubou todos os costumes humanos e não Bíblicos, tornou sagrado coisas comum e dessacralizou coisas inúteis. Viveu todos os dias como Cristo, não apenas ao sábado. Amou os marginalizados e ao invés de julgar o pecado, perdoou por amor. 
Que cristãos somos nós, mais parecidos com uma seita insossa ou aquele jesus magro e fraco pregado numa cruz e inerte do que com o Cristo que não abria boca e nem dava um passo sem provocar ira ou fascinar, aquele que foi ousado ao falar, amável no tratamento, quebrador de paradigmas?
Temos sido como Cristo? Se quer se houve pregar o Cristo. Afinal, temos mais ibope se pregarmos sobre o poder da palavra, o poder se se dar o dízimo, o poder de não deixar 'brechas abertas', o poder da oração, o poder da ação... Quem é que vai querer ouvir sobre Jesus? Quem vai querer a simplicidade de se amar e cuidar do vizinho, amar o pecador, a gente prefere fórmulas de sucesso, do que entender que todas as coisas cooperam para nosso bem.
Pra que pregar uma santidade de ações se uma santidade de fuga, e ostracismo é bem mais fácil, preferimos simplesmente dizer o que não fazer do que explicar as expectativas de Deus pra nós.
Ser como Cristo, carpinteiro, andarilho, um 'forrest gump' no ponto de ônibus, contando estórias e mexendo com a vida das pessoas. É na simplicidade que um dia poderemos ver o  Cristo quando olhamos para nós. 

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